Quando tem invasão no morro
o primeiro sinal é o tiro
busca fogo de artifício
quem nunca viu barulho de bala
A gente corre pra dentro da sala
e agacha rente à parede
teme até os raios de luz
que perfuram a nossa janela
Pede a deus por quem é querido
Pai, Filho, o santo espírito, ave
Maria sobe a ladeira
cheia de pressa.
cheia de pressa.
O coração em retalhos
rogando pela vida inteira
A viatura atravessa
o painel de neon.
o painel de neon.
E quando a batida se acalma,
na terra no céu e no peito,
na terra no céu e no peito,
corpos deitados sem leito
colorem o chão.
Da linha do muro florescem
cabeças pelas vielas
cabeças pelas vielas
ao canto enferrujado
do portão.
A rua se movimenta
em cada degrau se enfrenta
o susto da morte
da sorte que reina
da sorte que reina
Avisto um homem de preto
armado parado na esquina
Indago se posso
seguir minha sina
seguir minha sina
Ele me antecipa – tranquilo.
se assusta com o próprio brilho
do fuzil a cruz pregada
em sua mão.
Retorna contrariado
ao posto que policia.
E como se houvesse pecado
lamenta: um bom dia.
lamenta: um bom dia.
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